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domingo, 12 de fevereiro de 2017

"Para Ser Sincero" 
123 variações sobre um mesmo tema

Tentar explicar em palavras as histórias de Gessinger narradas com "perfeita simetria" em seus maravilhosos livros, soaria muito  pretensioso, por isso resolvi transcrever um pedaço dos seus textos. Um que conta a forma como surgiu o nome dado a "menor banda do rock gaúcho" o Pouca Vogal. Que tem basicamente como integrantes, Duca Leindecker e Humberto Gessinger. Abaixo uma prévia da entrevista que Gessinger fez com ele mesmo, para servir de release da banda. 
"Devo dizer que não me achei um artista arrogante nem um repórter muito chato. Até combinei de ligar para mim mesmo, hora dessas, para continuar o papo". 
Agora imagine como deve ser o resto...
Papo esse, é mais ou menos o que a gente sente lendo os seus livros. Como se estivéssemos mesmo tendo uma espécie de papo com o autor. Que deixa sempre a sua opinião clara dentro da introspectiva visão sobre as coisas mais simples e aquela sensação nossa de: "como é que ele pode parecer ter sempre razão?". 
Aí está...HG. Para Ser Sincero.

"HG: Porque o nome Pouca Vogal?

AgAgê: É um chiste com nossos sobrenomes, Leindecker e Gessinger. Se quisermos fazer um pouco de sociologia de boteco, podemos falar de como as vogais vão rareando à medida que descemos pelo mapa do Brasil. O frio vai aumentando, a vegetação fica mais tímida, o verde vai ficando mais parecido com o azul, as pessoas mais introspectivas. Imigrantes com suas consoantes. Ao mesmo tempo que exageram, algo de verdadeiro guardam essas generalizações". 

A forma espaçada e lúdica com que ele trabalha as palavras nas frases sempre me encanta. 

Adoro também uma historinha que vou tentar resumir aqui, essa é do livro 6 Segundos de Atenção. (O Poder³) 

Ele conta de um situação na qual estava andando por uma calçada em SP, logo que saiu do RS, para gravar o primeiro disco. Quando as bandas de rock, ainda estavam no auge de suas carreiras, e eles ainda buscavam um pedacinho de atenção nesse mercado bastante devotado. Basicamente enquanto andava por uma calçada qualquer na rua, passando em frente ao que deveria ser, uma garagem que estava com o portão entreaberto sendo reformada, ou pintada, ele ouviu a pessoa que pintava a estrutura do ambiente assoviando a sua música. A música que os Engenheiros do Havaí tinham acabado de gravar, que estava começando a fazer algum sucesso. Bem no início mesmo. E diz ele nesse momento, ter sido a hora em que finalmente caiu a ficha para o que estava finalmente acontecendo. "Tipow, as pessoas estão realmente ouvindo a nossa música". Uow! 

Impossível não comemorar e tentar assoviar também. Mesmo que não consiga é claro. 










sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Leitura em família



Há alguns anos, tínhamos o costume aqui em casa de fazer uma leitura conjunta. Que funcionava mais ou menos assim, eu lia para meu filho antes de dormir. A história favorita dele – A Arca de Noé – eu podia perguntar toda a noite a mesma coisa "qual história você quer que eu leia hoje?" a resposta era sempre a mesma “conta aquela do Noé mãe!” – isso quando ele mesmo não abria o grosso livro que tinha tantas páginas quantas necessárias para se ter uma história a ser contada por dia, o ano inteiro, na verdade 365, para ser mais precisa. E se fosse um ano bissexto?  Bem, aí entraria Noé com seus múltiplos casais de bichos entrando na arca e estaria tudo resolvido. Mais uma vez. Bem, claro que essa fase passou – não tão rápido quando se imagina, nem tão devagar quanto eu gostaria – mas enfim. Tudo passa. Até Noé passou, com seu ramo de oliveiras e voltou para terra depois de longo período no mar. E mais tarde vimos o filme juntos “Noé”, inclusive daqueles de permanecer na memória com honra a ser citado entre os melhores que já vi. Fantástico. Mas voltemos a leitura. Mais tarde com toda aquela “onda” de “Diário de um banana” do Jeff Kinney. Que eu carinhosamente apelidei de “João banana”. Não sei porque até hoje não consigo pensar nesse personagem, sem ser assim. Não adiantaram todas as correções – Não é João mãe... É Greg. – Não tem jeito. Para mim é João e pronto. No começo eu achava esses livros muito infantis, sem graça, perspectiva ou qualquer atrativo que pudesse me chamar a atenção. No entanto, passei a observar que ele era simplesmente fascinado por essa leitura. - Chegava a fazer até videos dele mesmo folheando os livros, experimentação videográfica - Lógico que os desenhos facilitam bastante, mas convenhamos, ele era apenas uma criança de 7 anos e lia todas as páginas no mesmo dia. É exatamente o que ele deveria estar lendo. Isso era o que eu pensava, mas aí seu pai começou a fazer a leitura compartilhada para ele – o que aliás ele adorava, muito mais do que as minhas. Porquê? Ah, essa resposta é bem simples. Até nós adultos damos voz aos personagens, ainda que seja apenas em nossas mentes, agora imagine você ter acesso a isso de verdade. Genial não?! Pois é. Era o que acontecia. Para cada personagem, uma voz e trejeitos diferentes. Além de uma série de efeitos sonoros que surgiam junto com a história. E os dois divertiam-se a valer com a brincadeira de ler. Comecei a prestar mais atenção ao contexto do enredo e para minha surpresa comecei a gostar também de todas aquelas maluquices do Greg e seu amigo digamos quase tão desajeitado quanto ele. E dessa intimidade com a leitura em família, que surgem coisas que ficam na nossa memória por muito tempo, como dizer “EPA! NENEM!” por exemplo, toda vez que você quer demonstrar que está contrariado com alguma coisa que o outro diz. Ou o fato de o irmão mais velho de Greg tê-lo ensinado a fazer as coisas mal feitas, para que ninguém pedisse que fizesse novamente. - aí eu percebi que a leitura não era tão ingênua assim. Graças a Deus que eu compartilhei desses quadrinhos, pois caso contrário, jamais teria descoberto, que o espertinho estava usando essa técnica comigo. Em casa! Momentos inesquecíveis. Vimos a todos os filmes da série. Ele leu todos os livros. E até hoje é a sua coleção favorita. Ainda o flagro de vez em quando, mesmo com toda essa nova fluente de youtubers catando na estante um dos seus volumes alternadamente a folhear como se buscasse por entre as páginas apenas relembrar alguma coisa que ficou no tempo com um sorriso acolhedor em seus lábios. E então tenho certeza, de que fiz por certo a melhor escolha. O melhor investimento. Muitas vezes nessa época quando perguntávamos o que ele queria de presente de aniversário, natal, pascoa... A resposta era sempre a mesma. “O novo do Diário de um banana”. E claro sempre ganhava. Porque num mundo onde as pessoas estão valorizando tanto os aparelhos tecnológicos, as roupas de grife, uma criança pedir de “Natal” um livro... Ela merece até 10. Com muito orgulho. Uma pena que como eu disse, tudo passa. E infelizmente, a tecnologia venceu outra vez, não que isso seja de todo ruim, tudo tem a hora certa, e como eu acredito nas pessoas, e já tive provas de que tudo passa. Estou aguardando ansiosa pelo momento em que a essa fase minecraft, roblocks, youtubers, também passe. E que os livros voltem a fazer parte da sua vida... Como antes. 

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

O Diário de Anne Frank



Confesso que demorei muito para ler esse livro incrível - O Diário de Anne Frank mesmo sabendo que era uma obrigação. Um belo dia, ele praticamente grudou na palma das minhas mãos, como se dissesse. Tem que ser agora. Você já me deixou de lado por muito tempo. Então tomei coragem e me apaixonei. Não era absolutamente nada do que eu imaginava. Tinha em minha mente confusa, com tantos relatos tristes de guerra, que ao ler os seus, estaria eu abrindo uma porta de tristeza constante. Por isso, temia acabar sofrendo junto com a relatora. No entanto, o que me esperava nessas páginas incansáveis, foi uma relação totalmente contrária a dor da guerra. Claro. Houve, dor sim, dúvidas, muito medo, dificuldades, mas em meio a isso existia um humor genuíno e fatídico que explanava as emoções de todos os envolvidos da época de forma clara e concisa. Um espetáculo de leitura. Daquelas de anotar as melhores frases.